Para muitos, como o músico, pode executar melodias virtuosísticas que não estão escritas em nenhuma partitura e nascem aparentemente do nada, é um mistério. Na verdade, por detrás dessa "mágica" existe um profundo preparo musical que habilita o músico à improvisação.

A pré-escola de um músico é toda fundamentada sobre o ouvir. Enquanto outros tipos de músicosdependem da aprendizagem da leitura, o músico precisa "ler" o que ouve, ou seja, ele deve ser capaz de visualizar as notas daquilo que ouve e a execução em seu instrumento.

Da mesma forma que quando ouvimos uma palavra somos capazes como escreveríamos, o músico deve ter a idéia clara de como executar aquilo que ouve ou imagina.

Para desenvolver a habilidade de execução em seu instrumento, além dos exercícios técnicos normais, o músico precisa também estudar o seguinte:

* Escalas - estuda-se as maiores, as menores, os modos eclesiáticos e as escalas de blues. Elas desenvolvem a agilidade e preparam para a improvisação.

* Arpejos - estuda-se todos os tipos de acorde, primeiro isoladamente depois dentro de encadeamentos harmônicos.

* Seqüências harmônicas - estuda-se os encadeamentos tradicionais da harmonia, depois os encadeamentosretirados de músicas conhecidas e, finalmente, elabora-se os próprios.

* Ritmo - aplica-se sobre os estudos das escalas, arpejos, seqüências harmônicas, e diversos ritmos sincopados e característicos do swing.

Esse estudo pode parecer um pouco mecânico, mas foi a repetição quase que automática das tabuadas na nossa infância que nos deu a base para realizar cálculos mais complexos no futuro.

Tendo-se desenvolvido a percepção e dominando-se a técnica do instrumento, o próximo passo será exercitar a habilidade de variar músicas existentes.

O mais simples é começar pelo ritmo. Partindo-se das melodias conhecidas, podemos toca-las com swing. O melhor é começar com canções infantis ou folclóricas. Num segundo momento, podemos variar a melodia preenchendo intervalos com pedaços de escalas ou arpejos.

Finalmente, conhecendo-se a base harmônica da peça, podemos substituir notas da melodia por outras que pertençam aos acordes de base da mesma. A prática diária desses exercícios fará com que, para nós, os sons sejam como uma argamassa à qual poderemos dar a forma que desejarmos.

Desse ponto em diante, oque nos fará progredir como músicos, será a convivência. Deve-se ouvir muita música, gravada ou ao vivo, procurando se entender como cada músico utiliza seu instrumento, que tipos de ritmos ele emprega, quais escalas, e os modos constituem sua elaboração melódica, que acordes e seqüências harmônicas servem de base à sua improvisação.

Como em quase tudo na vida, o que nos levará a penetrar sempre mais fundo nesse mundo maravilhoso, que é a música, será uma combinação de conhecimento e ousadia. Então, ,mãos à obra! Adaptação do texto redigido por Angelino Bozzini, do informativo Weril-n°84